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Spalding: Escrita Criativa para Iniciantes

·534 palavras·3 minutos
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Caio Amaral
Autor
Caio Amaral

Spalding, Marcelo
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Escrita Criativa para Iniciantes
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2ª edição eBook Kindle
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Início da leitura: 08 de Janeiro de 2024

Término da leitura: 12 de Janeiro de 2024

Review
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Livro de introdução à Escrita Criativa que o autor descreve como “[…] qualquer tipo de texto que não seja profissional, jornalístico, acadêmico ou técnico […]”. Usa como base o termo “Creative Writing”

Aborda características textuais como concisão, coesão, figuras de linguagem, vícios de linguagem, etc… Expõe questões referentes ao mercado editorial brasileiro e fala com alguma profundidade sobre o tema da Literatura Eletrônica, ou Literatura digital.

Diz Spalding que um autor estreante “bem sucedido” deve vender ao menos 100 cópias para pensar numa reimpressão de seu livro, isto é, antes de se comprometer com um investimento ele deve ao menos conseguir esse dinheiro, ou parte dele, com vendas de seu livro. Pelo visto ninguém lê no Brasil mesmo.

Esses capítulos sobre publicação e o mercado editorial me chamaram bastante a atenção.

Uma coisa que eu suspeitava, e já vi alguém reclamando a respeito, são as editoras que ganham dinheiro publicando livros, não vendendo-os. De modo que são esquemas para enganar autores aspirantes que não sabem onde estão se enfiando. Spalding, como é de costume no Brasil, não cita os canalhas pelo nome e fica a critério do leitor aprender a identificar os sinais que o autor descreve e torcer pra não ser feito de otário.

Um capítulo que me surpreendeu bastante foi o capítulo sobre Livros impressos e e-books. Nele o autor fala de Literatura Eletrônica (ou Literatura Digital) que tem como característica fazer pleno uso das capacidades digitais, não sendo possível a reprodução do conteúdo original nos meios tradicionais (impressão).

O capítulo seguinte trás na íntegra o Manifesto Literatura Digital. Este capítulo também me surpreendeu, mas de forma negativa. No 7º Princípio/Tópico/Regra do Manifesto Literatura Digital diz-se que este tipo de literatura é algo como uma ferramenta para incentivar a leitura em ambientes digitais:

"Não queremos que um usuário largue um livro para ler literatura digital, e sim que ele largue por 10 minutos seus joguinhos ou redes sociais e leia um projeto de literatura digital.”

Joguinho…

Talvez seja por causa do termo joguinho, mas me parece que ele enxerga a literatura digital como algo trivial, passageiro. Uma alternativa à distrações, talvez uma distração menos nociva. Parece classificá-la como uma literatura menos importante ao mesmo tempo em que se empenha em promovê-la e até mesmo em criar um manifesto para este tipo de arte. Esquisito.

Sua introdução à literatura eletrônica, apesar dessa má impreesão, despertou minha curiosidade sobre o tema. Cabe mais estudos.

Infelizmente alguns exemplos de literatura eletrônica que o autor fornece estão fora do ar. Uma característica importantíssima deste tipo de literatura : ela some.

As dicas sobre estilo foram sumariamente ignoradas. Em certo momento o autor fala de preconceito linguístico e meu cérebro simplesmente apagou a lembrança desses trechos. Em outro momento ele diz que adicionar diversidade a um texto é uma forma de criar textos interessantes. Ele reconhece que adicionar diversidade só pra adicionar diversidade é algo ruim, mas reconhece o potencial mercadológico dessa estratégia.

Um bom livro introdutório em especial aos escritores com intenções de publicar livros.