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Resenha: On Writing Well

·1286 palavras·7 minutos
blog resenha escrita criativa
Caio Amaral
Autor
Caio Amaral

On Writing Well, por William Zinsser.

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O autor se propõe a ensinar como escrever não-ficão. Dá dicas e conta as particularidades de cada sub-gênero de escrita não-ficcional.

Intro
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Venho namorando a idéia de escrever não-ficção. Pequisei sobre esse tema. “On Writing Well” aparecia em quase todas as ementas e listas de leitura recomendadas. Me pareceu um livro bastante influente. Depois de lê-lo, consigo notar sua influência na literatura de não-ficção, inclusive online. Linguagem simples, calorosa com textos colocando pessoas no centro das histórias são alguns dos pontos centrais defendidos pelo autor neste livro.

On Writing Well, by William Zinsser

William Zinsser (1922 - 2015) foi um escritor, editor e professor universitário. A primeira edição deste livro foi publicada em 1976, e desde então é leitura obrigatória em faculdades de jornalismo e de literatura por todo o mundo.

O autor, em suas palavras, se propõe a ensinar…

" the craft of writing warmly and clearly."

Ou em português: “a arte/ofício de como escrever de maneira clara e calorosa.”

A partir de agora omitirei os trechos originais e só mostrarei as traduções, se quiser ler os originais leia o livro. Tem na Amazon (link de afiliado).

A edição que eu li, lançada em 2001, foi expandida trazendo reflexões sobre - na época - novas tecnologias e gêneros literários que surgiam com a popularização da internet.

O Livro é dividido em 4 Partes:

  1. Principles (princípios)
    • aspectos do bom texto que o bom escritor deve ter em mente enquanto escreve
  2. Methods (métodos)
    • como construir textos interessantes
  3. Forms
    • Sub-gêneros da literatura de não-ficção
  4. Attitudes
    • Direcionamento a escritores. Como lidar com os problemas comuns da profissão.

Parte I - Princípios
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Nesta parte o autor fala dos princípios que guiam o escritor na hora de escrever um bom texto de não-ficção. São eles:

  1. Transação: no que consiste a escrita
  2. Simplicidade: Escrever de maneira simples, próximo à forma como se fala
  3. Clutter (entulho/lixo): Eliminar as partes desnecessárias para dar clareza e leveza ao texto
  4. Estilo: O Escritor é o estilo. Não se preocupe com estilo pois ele emerge naturalmente. Preocupe-se em escrever bem.
  5. Público: Escreva para si. Faça um texto que te deixe satisfeito e ele encontrará público.
  6. Palavras: Escolher palavras primeiro pela sua exatidão, depois pela sua cadência na frase ou sonoridade. E morte aos clichês!
  7. Usage: Há o uso comum da língua (usage) e a gíria (jargon). Evite gírias a todo custo e seja seletivo com o que você pega emprestado do uso comum da língua.

Parte II: Métodos
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Nesta parte o autor ensina métodos para construção de textos. Sobre o que escrevemos quando escrevemos literatura de não-ficção por vezes não tem uma narrativa clara. É preciso realizar um recorte dos fatos, omitir alguns acontecimentos e pessoas a fim de evidenciar o que realmente importa na história. O autor comenta que é sempre bom ter mais material do que você usará no seu texto e comenta o quão importante é encontrar o “filé” da história e explorá-lo em profundidade.

Durante a pesquisa para um texto de não-ficção é comum produzirmos uma pilha de anotações, entrevistas, descrições mais ou menos conectadas. O processo de dar sentido à esse material acumulado pode ser desencorajador, por isso o autor criou os capítulos desta parte do livro para auxiliar neste trabalho de pôr ordem na pesquisa.

  1. Coesão (Unity): É preciso manter a coesão do texto. Detalhes como o tempo verbal, narrador em primeira ou terceira pessoa, humor, quão formal é o texto, qual a minha atitude com relação ao tema (ceticismo, surpresa, obcessão, desprezo), entre outros devem ser constantes durante o texto. É possível realizar “violações” dessa coesão para causar algum efeito no leitor, mas como regra o texto deve manter-se consistente do começo ao fim.

O autor sugere ao escritor encontrar o ponto que mais chama a atenção na história e focar nele. Quaisquer detalhes devem servir para ilustrar e explicar melhor este ponto, uma parte pequenininha da história maior.

"Portanto pense pequeno. Decida qual canto do tema você vai morder, contente-se em explorá-lo bem e então pare [de escrever]."
" Toda peça de não-ficção bem-sucedida deixa o leitor com um único pensamento provocativo novo. Não são dois, não são cinco - apenas um."
  1. O Lead e o Final: Como o texto começa é importante pois dá o tom da história, fala do tema a ser explorado e deve capturar a curiosidade e atenção do leitor. O lead é esse começo do texto e deve ser cativante e explicar o suficiente para que o leitor saiba sobre o que irá ler caso continue na página.

O texto deve desenvolver o tema, concluir o tema de maneira satisfatória e parar antes de se tornar maçante. Depois de capturar a atenção do leitor, de levá-lo numa jornada de apresentação do tema, de mostrar a jóia do texto, pare de escrever imediatamente. Termine o texto logo após o ponto alto da sua história.

" Procure material em todos os lugares, não apenas lendo as fontes óbvias e entrevistando as pessoas óbvias. Procure em placas, em propagandas, no que está escrito na beira da estrada... "

O autor dá dicas do que evitar no Lead:

  • Arqueologistas do futuro
  • Visitantes de outro planeta
  • Viajantes do tempo
  • One day not long ago
  • button-nosed boys
  • O que X, Y e Z tem em comum?
"Você deveria pensar na última sentença do seu texto tanto quanto pensa na primeira."
"O final perfeito deveria surpreender seus leitores e ao mesmo tempo parecer irretocável."

O autor dá algumas dicas de como encerrar um texto.

  1. Bits & Pieces: Coletânia de pequenos pensamentos e insights sobre aspectos diversos da escrita como pontuação, uso de adverbios, verbos passivos, credibilidade, hipérbole…

Parte III: Formas
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Como escrever sobre temas diversos, ou sub-gêneros da escrita de não-ficção.

  1. Não-ficção como literatura: a maior parte do que se lê é não ficção. Estamos rodeados de não-ficção, por isso faz sentido aprender a escrevê-la bem.

Nos capítulos a seguir o autor ensina a dinâmica e dá dicas sobre os sub-gêneros listados abaixo:

  1. Escrever sobre pessoas: A entrevista
  2. Escrever sobre lugares: O artigo de viagem
  3. Escrever sobre você: A autobiografia (memoir)
  4. Ciência e Tecnologia
  5. Escrita de Negócios: Escrever no seu emprego
  6. Esportes
  7. Escrever sobre as artes

Essa parte termina com um capítulo dedicado ao Humor na escrita. 19. Humor

Parte IV: Atitudes
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O autor fala como o escritor deve se portar diante dos desafios internos e externos que a atividade de escrita de não-ficção lança contra os escritores.

  1. Som da sua voz: Como se dirigir ao público.
"Clichês são o inimigo do bom gosto"
  1. Satisfação, Medo e Confiança: Como lidar com esses sentimentos.

  2. A tirania do Produto Final: Prazos são prazos e perdê-los nunca é bom. MAAAAS, não se preocupe com o produto final, apenas escreva bem e confie no trabalho do seu editor.

  3. Decisões do escritor: como organizar um artigo.

"Este foi um livro sobre decisões - incontáveis sucessivas decisões que compõe todo ato de escrita."
  1. Escreva tão bem quanto conseguir: Lidando com editores. Desde editores ausentes até editores que mudam seu texto sem te consultar. Como sobreviver a essas dinâmicas sem ir preso.

Conclusão
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Um livro bem escrito, bastante didático, com bastante exemplos e uma linguagem que não cansa. O autor consegue ensinar sobre os diversos sub-gêneros da literatura de não-ficção com bastante facilidade. As dicas e os alertas que o autor faz durante todo o livro são muitíssimo bem-vindos, e certamente relerei capítulos da obra de tempos em tempos.

Se tiver interesse em escrever melhor, seja e-mails, entrevistas, biografias ou artigos, recomendo fortemente a leitura de On Writing Well, de William Zinsser.

Links úteis (afiliados): #

On Writing Well (Digital)

On Writing Well (Livro Físico)

On Writing Well (Audiolivro)

Traduções:
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Como Escrever Bem (Digital)

Como Escrever Bem (Livro Físico)